quarta-feira, 11 de junho de 2008

sábado, 8 de março de 2008

Blog em alemão

Para encontrar o esclarecimento do apelido de família "Zetzsche" conforme origem e sentido é favor procurar no seguinte endereço:

http://onomastik.blogspot.com/

Para esclarecimento sobre o adje(c)tivo «fiável» é favor dirigir-se à pergunta (19154) do ciberdúvidas.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

"Der Name der Stadt Zeitz"

Sob este título Hermann Schall, Berlim publicou no periódico "Zeitzer Heimat", edição de Novembro de 1957, n.º 11, páginas 326 a 329, a matéria que aqui é reproduzida em português, a qual vem esclarecer a origem e o significado do topónimo Zeitz, uma cidade alemã situada na estremadura da Saxónia-Anhalt com a Turíngia e a Saxónia, onde se estremam em esquina estes 3 estados alemães (3 Länderecke).
Dado ser praticamente impossível o acesso directo a essa publicação em língua alemã que está depositada nos arquivos documentais daquela cidade e como já se passaram 50 anos sobre a data daquela publicação pode dizer-se que em termos autorais aquela publicação caiu em domínio público, logo a sua reprodução em português fica automaticamente legitimada.
Com esta reprodução o tradutor pretende propor uma versão adequada em português para o topónimo Zeitz. Por isso nada melhor que utilizar a versão latinizada "Citice" quando se referir em português ao topónimo "Zeitz" e "citicense" quando se aludir ao habitante ou natural daquela cidade ou a ela se adjectivar. E igualmente também se deve tomar para versão portuguesa do topónimo homónimo situado na República Checa, que em alemão se designa "Zieditz", mas que em checo tem a mesma grafia do vocábulo proposto para versão em português: "Citice".
Nota do Tradutor

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

"O nome da cidade de ZEITZ"

Por Hermann Schall, Berlim

No seu revolucionário estudo sobre o desenvolvimento da cidade de Zeitz Hans Günther demonstrou de modo convincente que os princípios desta comunidade tão cheia de vida e importante hoje como outrora não podem ser procurados na cidade de cima actual, mas sim na cidade de baixo perto do Palácio de Moritzburgo. Albert Schamberger torna verosímil que a cidade de cima actual foi originalmente uma aldeia de arroteia alemã “proveniente de raiz selvagem”, a qual é designada “Buosenrod” [¹] no mais antigo documento que nos é transmitido de 976 e bem pode ser procurada nos arredores da Igreja de São Miguel.
Só mais tarde, depois que esta povoação de nível ao centro da cidade se tornou uma comunidade aumentada com os núcleos populacionais mais antigos no vale, desapareceu a designação “Buosenrod”, que faz lembrar o monge Boso, o missionário da nossa região e mais tarde bispo de Merseburgo. A nossa cidade chama-se desde então “Zeitz”.
De onde vem o seu nome e o quê ele significa? Ele vem de uma aldeia dos Sorábios que se pode procurar perto de Moritzburgo no vale. Infelizmente ainda não sabemos onde se situou esta aldeia dos Eslavos. Pode ser mantido em expectativa que a investigação pré-histórica demonstrará brevemente a aldeia dos Sorábios “Zitizi” assim como a aldeia de “Podegrodici” citadas no mesmo documento de 976. Ela foi localizada com as obras da estação leiteira de Zeitz ao pé do monte “Puonzouua”, hoje “Mosteiro de Posa” (Bosau).
Hoje é inteiramente possível esclarecer o significado do nome “Zeitz”, apesar da dúvida de Hans Günthers (cf. Anotação 5 do seu estudo). O nome é sorábio antigo e mais tarde foi abreviado na boca dos Alemães e continuou a evoluir conforme a lei fonética alemã. As provas documentais, sobretudo as mais antigas, permitem a reconstrução da fonética da língua sorábia antiga, a classificação do nome no círculo de nomes aparentados e também uma explicação aproximativa do seu significado.
Para a explicação do nome “Zeitz” é suficiente apresentar aqui algumas provas mais antigas em documentos originais:
Em 971 beneficium Citicensis aecclesiae…de tribus – episcopatibus –
Misnensis, Citicensis atque Merseburgiensis (Jedlicki pág. 99 e 101) ²
995 episcopatus in loco Zitici dicto (Rosenfeld I n.º 13 or).
Zeitz perdeu de acordo com a natureza em primeiro lugar em importância, devido à transferência do bispado de Zeitz para Naumburgo, na medida em que são raras as provas anteriores para o nome de cidade. Já em 1140 ocorreu a citada abreviação: Uto…sancte Nuemburgensis ecclesie episcopus… Actum (= aconteceu) in Cice (Rosenfeld I n.º 152). Tal e semelhante reza o nome da cidade até ao fim do Século 15. Então começa a transformação do sem dúvida “i” longo para as formas neo-alto-alemãs com “ai” (escrito “ei”), como Tzeytz, Czeitz, Ceyz, Zeitz etc.
A evolução fonética passou-se, portanto assim: no Século 11 desapareceu o “t” entre ambos os “i”. O “ī” restante é longo e no Século 15 pela moderna fonologia se torna como o “ī” do médio-alto-alemão em “ai” (escrito “ei”). Os escrivães também das provas mais antigas eram monges alemães. Eles escrevem o nome tal como eles o ouvem da boca dos Alemães e Sorábios residentes na localidade. A sua escrita reproduz muito exactamente a situação fonética à viragem do milénio: a escrita Z- e C- corresponde ao sorábio C- (= alemão z, ts); o primeiro “ī” longo corresponde ao fonema “ě”, o qual é pronunciado ainda hoje no sorábio como ie, também o “ē” é longo. Todas as restantes letras correspondem à nossa fonética de hoje.
Assim pode ser reconstruído na moderna escrita eslávica o nome da cidade como *Cětici, pronuncia-se aproximadamente tsīetitsi.
Para a formação de palavras como a nossa forma original *Cětici pode ser dito o seguinte: o radical da palavra é *Cět-; junte-se a isso o sufixo –ici. Também o não versado sabe de muitos topónimos dos arredores de Zeitz, que terminam hoje em –itz. Ela é a uma formação da maioria e significa muitas vezes (nem sempre) “Os descendentes ou familiares, parentes de uma pessoa X.”. Esta pessoa X era o fundador ou o mais velho da localidade à qual ele dá o seu nome. Em nosso caso ele deve ter sido chamado *Cěta. Por outras palavras: *Cěta é um nome de pessoa; no nome *Cětici nos é transmitido o fundador ou aldeão mais velho (em sorábio župan, documentado como Supan, compare com o actual apelido de família Saupe!) da aldeia dos Sorábios.
O nome de pessoa *Cěta por si só agora pouco nos diz. Porém, nós estamos numa situação privilegiada de poder explicá-lo a seguir com a ajuda dos topónimos vizinhos. Antes de mais seja assinalado que já não consta da língua sorábia actual este nome de pessoa, o qual caiu em desuso há muitos séculos, porém isto não obsta que seja demonstrado com a ajuda das línguas aparentadas. Uma pequena excursão ao passado linguístico vai ajudar-nos a seguir: Na maioria das línguas que pertencem à família linguística indo-europeia, as pessoas foram denominadas com os chamados “nomes inteiros”. Estes são compósitos, quer dizer, nomes compostos de dois elementos (radicais de palavra). Estes no alemão são nomes como Fried-rich, Hart-mut ou Gund-hêr (Günther). Do mesmo modo que – no tempo antigo – com os Eslavos, portanto também com os Sorábios foram formados tais nomes inteiros, com certeza actualmente já não. Mas eles continuam a viver em nomes como aproximadamente o polaco Broni-slaw ou o checo Bohu-mil. De tais “nomes inteiros” podem ser agora formados nomes diminutivos ou carinhosos (NC). Assim no alemão Fritz de Friedrich, Lutz de Ludwig. Do mesmo modo eles também são formados no Eslávico, como aproximadamente no russo Wolodja de Wolodimir (Wladimir).
Regressemos então aos arredores de Zeitz e encontramos aqui o topónimo Zettweil, uma aldeia filial de Kayna sobre o Schnauder. O conhecido cronista de Zeitz, Ernst Zergiebel, transmitiu-nos dos documentos antigos, que dormitam despercebidos nos Arquivos de Zeitz e em outros de fora, as formas antigas do nome da aldeia Zettweil recolhidas por ele [³]. Eis aqui as formas documentadas mais importantes:
1286 Zetibêl; 1311 czetebûl; 1314 Zettebîl; 1428 Czetebuel; 1570 Zettebêl; 1586 Zettwêl. – Na evolução fonética seja notado que devido ao comprimento da palavra e seguramente por causa de um acento contíguo na última sílaba (observe-se os circunflexos!) a vogal da primeira sílaba (sílaba tónica alemã) aparece abreviada (cf. -tt-!). O “b” do radical modificou-se só no Século 16 sob a influência do dialecto altemburguês em “w”, de modo que hoje surgiu “Zettweil”.
Podemos reconstruir a partir disso como forma prototípica em língua sorábia antiga um topónimo *Cětobyl’m. Ele é formado por meio do sufixo indicador de posse eslávico *јъ m acrescentado ao nome inteiro *Cětobyl m.
Ainda um terceiro topónimo de outro arredor pode ser aqui mencionado. Ele é o despovoado (localidade extinta) “Zettkau” na comarca de Altenburgo. Ele situava-se entre as aldeias de Gorma, Rositz e Kriebitzsch e deve ter-se tornado deserta por volta de meados do Século 14. As provas documentais indicam isso, pois se chamava ainda em 1336 Zceitkow, Zcetkow [4], mas já em 1378 Zcetkow deserta (A), Czetkow (B) e Zcetkow pré-deserta (C). Ainda em 1485 Zettikau é mencionada como despovoado, mas 6 camponeses têm de pagar tributos pelos seus campos (Registo oficial de Altenburgo). O lugar denominou-se no tempo dos Sorábios *Cětkow m., o que quer dizer, aldeia de um homem de nome *Cět(e)k, e *Cětk m. é um nome carinhoso tipicamente sorábio, que é formado com o sufixo eslávico *ъkъ m..
Não é bem por acaso que estes três topónimos se situem não demasiadamente distantes um do outro. Poderia ser lembrado que a povoação que contém o nome inteiro (*Cětobyl), nominalmente “Zettweil”, era a povoação de raiz a partir da qual podem ter sido fundados os povoados formados com os nomes carinhosos (*Cěta e *Cětk) respectivamente Zeitz e Zettkau (*Cětici e *Cětkow) como povoações de descendentes. Não se pode provar isso com certeza. Em todo caso, mostra-se que a célula originária de Zeitz, a aldeia dos Sorábios Cětici, não contém no seu nome qualquer referência a um significado especial no tempo antigo dos Sorábios antes dos Alemães. O ponto central do cantão sorábio nem sequer era Cětici, mas sim o burgo dos Sorábios (*Grod) no monte Puonzouua (Bosau, mosteiro de Posa). Lembra-a a povoação do vale *Podgrodici pl., isto é, “A Casa de Baixo” inferior ao burgo junto da Estação Leiteira de Zeitz.
O exposto até agora pode parecer para muitos leitores demasiado teórico. Mas o leitor pode mudar de ideias, se agora aqui para comparação invoquemos outros topónimos aparentados que ainda hoje existem nos países eslavos vizinhos. Para que isto seja possível hoje, damos graças sobretudo às grandes colectâneas publicadas após a guerra por Reinhold Trautmann † sobre topónimos eslavos da Elba ao Báltico e por Antonín Prosou † sobre os topónimos boémios [5].
Nós encontramos na Boémia sobre a margem esquerda do Eger 2,5 km a sul de Falkenau a povoação Citice Zieditz”, cerca de 1370 Czyticz (Pr I 275). Ela é a correspondência exacta da antiga sorábia Zitice, hoje “Zeitz”. O despovoado altenburguês “Zettkau” (vd. atrás) corresponde à povoação checa Cetkov, 1379 Czetkow (Pr I 275). Só para *Cětobyl’ = Zettweil não encontramos qualquer correspondência exacta. Mas o segundo elemento -byl’ está contido no topónimo checo Draho-byl-ice (Pr I 452) assim como no topónimo sorábio antigo em 951 (!) Dragubulesthorp, em 965 villa Drogobuli, em 1227 Drogebul, hoje a aldeia Dröbel perto de Bernburgo no Anhalt. A correspondência balto-eslava é a povoação em 1554 Dargebell, actualmente “Dargibell”, comarca de Anklam/ Pomerânia (todos in EO I 50). Também no polaco antigo –byl é atestado no antropónimo Nieda-byl (Taszycki [6] página 50; 85).
Para encontrar outra povoação com o primeiro elemento *Cěto- não precisamos nem sequer deixar a região de língua sorábia antiga: a povoação “Zetteritz” a sudoeste de Rochlitz na Saxónia chamou-se em 1378 Ceteraz (Beschorner, RM página 232, N.º 74, vd. anotação 4), este é sorábio antigo *Cětoraz, outrora –rad- јъ m. do nome inteiro *Cěto-rad. O mesmo se encontra além disso muito cedo como nome de uma propriedade monástica de Fulda no Rhön, à actual localidade “Zitters”, distrito de Dermbach = em 953 (!) quod Citerades vocamus (Dobenecker I 386 Or), esta é “a aldeia de um *Cětorad”. A colonização dispersa sorábia por isso então penetrava até no Rhön.
Esta pequena selecção de muitos topónimos aparentados pode ser aqui suficiente. Resta ainda dizer uma palavra sobre o significado próprio do nome *Cěto-byl. O segundo elemento pertence sem dúvida ao verbo eslávico by-ti “ser” (assim também Taszycki página 20, onde se pode encontrar o resto). Mais difícil é o esclarecimento do primeiro elemento *Cěto-. O seu significado é ainda duvidoso. Eu vejo nisto um advérbio que pertence ao radical balto-eslavo *kait-. Encontra-se alguma coisa sobre isso em Kluge [7] sob “heiß” (quente). Pormenores mais aproximativos podem ficar reservados para uma investigação especializada.
Nós acreditamos ter demonstrado com isto suficientemente que o nome da cidade de Zeitz evoluiu na boca dos Alemães organicamente do nome de uma aldeia sorábia *Cětici. Ele contém o nome abreviado *Cěta. O nome inteiro *Cětobyl afim nos é transmitido com fidelidade no nome da aldeia próxima “Zettweil”. Já não se precisa entrar em tentativas de interpretação anteriores. A maioria destas tentativas toma por base um radical eslavo *žito n. “cereais”. As designações eslavo-ocidentais da cidade de Zeitz erradamente fundadas nisto deveriam ser revistas futuramente.

Referências:

[1] Registo Documental de 9(76) Augusto I. Grona (Rosenfeld, Livro de Registos de Naumburgo I N.º 7 = Paße. Livro de Registos de Altenburgo [1955] N.º 1 página 4)

[2] M. Z. Jedlicki, Kronika Thietmara (Thietmars Chronik), Poznán 1953.

[3] Ernst Zergiebel, Informações Históricas sobre a Cidade de Zeitz e as Aldeias do Distrito de Zeitz. Volume IV (1894), página 388/9. As fontes de Zergiebel podem ser consultadas na sua própria obra.

[4] Segundo Hans Beschorner, Registrum Dom. Marchionum Missnensium (Índice 1378) I página 406, 28; 413, 36; 206, 49. – Leipzig 1933.

[5] R. Trautmann, Os Topónimos da Região sobre o Rio Elba e sobre o Mar Báltico I (provenientes de antropónimos); II (provenientes de nomes naturais); III (Volume de Registos), Berlim 1948; 1949; 1956. Aqui citados como EO I e II.

A. Prosous, Mistní jména v Čechách, Dil I-IV, Praga 1947; 1949; 1951, 1957. Aqui citado como Pr I etc com número de página.
[6] Witold Taszycki, Najdawniejsze Polskie imiona osobowe (= Os mais antigos antropónimos polacos), Cracóvia 1925, 124 página 8º.

Friedrich Kluge, Dicionário Etimológico da Língua Alemã. 17.ª Edição, adaptado por Walther Mitzka. Berlim 1957, página 300.